segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Manifesto CAMPA



Submergiram nas areias movediças e, sem ninguém esperar, soltaram-se das amarras. Depois espirraram pó. Da expulsão solitária da Sra. Areia vaguearam sozinhos na floresta. Por fim, encontraram-se e, entre gritos, caras brancas e guitarras sujas, a floresta tornou-se deles. Mãos no ar invocaram espíritos, atropelos rápidos correram atrás deles. Um ritual? A CAMPA abriu-se.

Envolvidos em vários projectos, Álvaro Silveira (ex Negative Gain, 320 Monstros, Tigre Deficiente e outros mais) e Renato (Monogono, Goreganta Funda, Felattio) abraçam uma cumplicidade musical. Faltava uma coisa assim aqui. Na caixa secreta escondem trechos ambiciosos prestes a serem libertados. Dia de Finados, o primeiro álbum do duo, tem data prevista para Fevereiro do próximo ano. Ainda não se sabe se em CD, se em formato para download ou se num totalmente diferente e inovador.

"O imaginário CAMPA anda à volta das superstições populares portuguesas...os diabos, as igrejas, as rezas, o terço, as bruxas no ribeiro, as cruzes de pedra, o Padre com pata de bode, o carrapato , campa soa a uma manhã de nevoeiro em SAO CIPRIANO." - Álvaro Silveiro

http://www.myspace.com/universocampa

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

White Chalk aberto ao mundo


Mãe quero de volta a infância. Lembro-me de ti e do pai. Ajuda-me a esquecer todas as palavras e articulações que me ensinaram. Eu quero voltar a ser criança de vestidos brancos que fizeste. Eu esqueço as maquilhagens e cabeleireiros. Quero-vos de volta porque quando a solidão assombra acarinham-me a voz.

Onde estás avó? Sinto saudades. Ouves-me da campa? Ouves-me avó? Estou aqui e já te foste. Mas porque não me sais do quarto? Da música que rasteja? Tu sempre foste minha e não te contive o tempo.

Arrasto uma corda aqui e outra depois. É tempo de perdoar. De perdoar. De amar. Ouves a harpa? Faz amor com o piano.

O que me vale ser mulher? Eu nunca soube andar de botas e tocar os clássicos ao piano. Invento notas com as mãos e quando finalmente quero crescer agarro uma palavra de súplica aguda.

O meu corpo vive algum tempo e a minha alma redobra infância.

Pai estás no canto e só eu oiço o que não dei importância. Invoco-vos num ritual nostálgico. Voltem. Nem que seja para me deitarem uma vez.

A pele está limpa e sem cor. Despeço-me para estar com quem amo. Devia um testamento ao mundo. E por isso escrevo-o sozinha.

É sobre um dos melhores álbuns de 2007 ouvido por mim vezes sem conta. Tudo o que escrevi acima tem unicamente como referência o álbum "White Chalk" de Polly Jean Harvey sem qualquer investigação feita sobre ele.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Peixe:avião




Uma novidade sacudida na água.
Chamam-se peixe:avião e são de Braga. O quinteto resulta da fragilidade harmónica que os faz sair da água para voar no céu. Dedilhados preenchem os acordes de base e a voz contida e quase silenciosa revela-se suavemente hipnótica.

Agora andam nos palcos.

Insólito bar - Braga | 23 de Novembro | 22:00h
Whisky bar - Vila do Prado | 24 de Novembro | 23:00hw
N101 - Caldas das Taipas | 8 de Dezembro | 23:00h
O Meu Mercedes - Porto | 14 Dezembro | 22:00h
Passos Manuel - Porto | 31 Janeiro | 22:00h
Mercado Negro - Aveiro | 7 Fevereiro | 22:00h

Agora é marcar na agenda o dia que dá mais jeito.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Lucy and the Popsonics


E como a música no seu sentido mais amplo não deve restringir-se a um género, eu confesso que não preciso de ouvir isto com umas goladas de álcool em cima. Até porque tem a sua piada. Uma caixa de ritmos, uma miúda com voz revoltada e um outro que até gosta de passar os dias em casa a experimentar novos efeitos na pedaleira, incluem humor às letras . É música para rir e um tanto nonsense, o caso de Eu Quero Ser Seu Tamagotchi (é mais eu quero ser seu tamagocheee). Imaginem uma criança que faz uma letra com esferográfica cor de rosa, os "o" aos coraçãozinhos, um quarto empilhado de posters dos Clash, Pj Harvey, Mudhoney e até dos Velvet Underground (isto já sou eu a imaginar) e uma menina com cabeça de panda a dançar com umas sapatilhas verde fluorescente, são as várias imagens de que os garotos se vestem. É óbvia a ligação aos The Kills. A caixa electrónica nesta era não é mais elaborada do que nos 80, os casais juntam-se para fazer banda, começa a ser cardápio de meninas riot que querem brilhar na plataforma com um gajo qualquer de cabelo à la mode.
Os Lucy and the Popsonics gostam de divertir a plateia e já têm assinatura pela Pulsorama e Monstro Discos. Vêm do Brasil ao Lounge e depois Maus hábitos. Acho que ainda apareço por lá. Apetece-me saltar ao som de bolinhas às cores. Ah pois ... dias? hum...23 de Novembro Lounge e o a seguir nos Maus Hábitos.


Lucy and the Popsonics: myspace

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Mammatus no topo da montanha – The Coast Explodes


De uma paisagem de árvores, rochas, cercada de nuvens saem os Mammatus. O quadro data de 2005, a formação da banda. Tudo que contam tem uma história, cada instrumento é uma personagem.

Corralitos é um momento inesquecível não só por ser o lugar de onde a banda é natural, por coincidência ou não, como foi lá que o primeiro concerto abriu portas para tantos outros. Os concertos endurecem os pescoços dos fãs - afirmação da banda.

Sem dinheiro no mealheiro e sem editora gravaram quatro faixas numa garagem. As influências de Sabbath a Hawkind estavam ao rubro e em confluência instrumental o quarteto expande-se na atmosfera que os droga. Os Holy Mountain Records de São Francisco e os Rocket Records, Inglaterra, arregalaram os ouvidos e apostaram no auto intitulado álbum de 2006.

Em 2007 os profetas sobem de túnica à montanha com os amplificadores às costas, olham para o mar de longe para ver a costa a explodir. The Coast Explodes é uma homenagem à terra, ao mar, a tudo que existe e para lá do que existe. Em acordes acústicos e uma flauta celta chega-nos a história do mar que emerge das rochas num Pierce The Darkness. As nuvens, de onde a banda se inspirou para o nome, invadem o cenário para dinamizar os dedos dos difusores do rock psicadélico da nova temporada. Paragens de feedbacks harmonizam e esperam deslizes de notas. A bateria se acende e toques doom encorajam a voz que tenta acalmar o mar agitado. Não têm medo de ousar, o que importa é exprimir o que a fusão cerebral comanda. As vozes declaram a vitória da batalha e o mar se acalma. “A natureza tem que estar do nosso lado” é o que oiço em The Cost Explodes. Este trabalho de 2007 editado pela Holy Mountain, é uma obrigação de audição para quem gosta de stoner rock psicadélico.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Squidbucket























Ainda à procura de editora continuam os norte americanos Squidbucket como muitas outras bandas. Não ter editora não significa de todo não ter qualidade. Não há muito para falar sobre eles ainda. Uma das poucas coisas que descobri é a troca do nome Crux para Squidbucket. As suas influências musicais agrupam os Tool aos Mars Volta e de maior destaque os Primus. O baixo encarna uma personagem que se encontra de vez em quando com os dedos de Les Claypool. Queriam ser cinco elementos e só tocam três no estúdio. Procuram vocalista e convidam um baterista à altura. Waterborn Robot não nos deixa indiferentes com os primeiros toques melodiosos de guitarra, lembra-me um início à Kyuss ou Tool, todos os instrumentos acrescem e se abraçam, o baixo vigora todo o espaço ao encontro dos riffs experimentais de uma guitarra distorcida. Pode-se ver um vídeo de Crux e ouvir Squidbucket no espaço.

domingo, 26 de agosto de 2007

Souvenirs d'un Autre Monde




















Neige
admitiu que não ouviu bandas pós rock ou do tipo que se enquadra ao género, já que agora inventa-se estilos para tudo, antes de gravar o seu primeiro álbum. Eu acredito. Souvenirs d'un Autre Monde pede-me todos os dias para cantar. Não há nada de mais puro, motivador e embrionário. Neige é o único nestes sons infindáveis que se encontra por vezes com a angelical voz de Audrey (Amesoeurs). Ouvimo-lo em todos os instrumentos envolvidos por mãos de criança. A sensibilidade de Souvenirs d'un Autre Monde não pertence aos ouvidos presos e frios, ele chama-nos sem sabermos. Na primeira instância sentimos um calafrio que há tanto esperávamos. Se há coisa que não gosto são os valores de avaliação que dão aos álbuns, mas este incontornavelmente vai ser guardado com distinção. É mesmo uma criança que nos toca uma viagem num outro mundo. Não há nada de mais belo. O primeiro álbum de Alcest é intenso demais para ouvi-lo de uma só vez. Anteriormente a banda conta com a demo Tristesse Hivernale de 1999 e com o ep Le Secret de 2005. Em Souvenirs reconhecemos o toque black metal que a guitarra e o baixo deixam esvoaçar logo na primeira faixa. O que torna Alcest tão especial é a aproximação atmosférica e melancólica de elementos que criam um ambiente único.
ouvir

sábado, 25 de agosto de 2007

as mudanças que o tempo traz

Lá se vai o tempo em que trocava cassettes com o meu melhor amigo e em que falávamos de música sem nos cansarmos porque tudo era mais difícil. As revistas mensais, os jornais semanais e fanzines faziam-nos ler durante horas sentados num banco de jardim, num de café ou até na própria sala de aula. Não se trata de pôr de parte o tempo de hoje, o da explosão da indústria da música, dos downloads e da mãe tecnológica que nos abre as mãos para tudo que queremos ver, ou quase tudo. O tempo de hoje é difícil porque requer demais. Ou ouvimos tudo e não ouvimos nada ao mesmo tempo ou seleccionamos realmente o que nos interessa. Falta o tempo de ouvir a voz de um amigo hilariante ao dizer que conseguiu gravar os dois minutos que faltavam do vídeo clip a acabar, ou uma entrevista que apanhámos por milagre no Viva zwei. Sinceramente é disso que eu sinto saudade. Hoje partilhamos de tudo e no fundo não partilhamos é nada.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Concealment e o baixo-harpa

Numa das minhas pesquisas pelo space e como estava previsto ir ao Bla Bla dia 17 (ontem) havia uma banda de que nunca tinha ouvido. Há algum tempo o myspace é o chamado motor de busca de música para os que gostam de se manter a par do que se passa neste grande mundo. Concealment é uma banda de Sintra e Sabugo cheia de energia e de uma óptima prestação em palco. Tinha gostado do que ouvi no tal espaço de música e para não ser demais não desiludem em palco. Para quem gosta de bandas como Death com pitadas de Meshuggah e claro, com o toque especial da banda, oiçam-na. A formação da banda começa em 1994 com alterações de membros e em 1995 o projecto arranca com toda a força. Agora o trabalho que nos espera é apoiar a prometedora música nacional. Concealment

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Catacombe

É membro dos Looney Tones (guitarra) e agora tem um novo projecto Catacombe. Pedro ordenou todos os sons que se retinham e tocou todos os instrumentos que atormentavam o ouvido. A única música que deixou à disposição no myspace é um privilégio que tem de ser reconhecido. The first stone é a primeira que não desaponta, deixa saliva nos ouvidos e espaço a muitas mais outras. ouvir aqui

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Mazgani



É como sentir umas mãos que querem tocar e alguém anseia por ser.

http://www.myspace.com/mazgani

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Oblique Rain


Rotulá-los seria criar limites à sua inspirada criação.
Ouçam simplesmente aqui

Primeiro álbum brevemente.