
Mãe quero de volta a infância. Lembro-me de ti e do pai. Ajuda-me a esquecer todas as palavras e articulações que me ensinaram. Eu quero voltar a ser criança de vestidos brancos que fizeste. Eu esqueço as maquilhagens e cabeleireiros. Quero-vos de volta porque quando a solidão assombra acarinham-me a voz.
Onde estás avó? Sinto saudades. Ouves-me da campa? Ouves-me avó? Estou aqui e já te foste. Mas porque não me sais do quarto? Da música que rasteja? Tu sempre foste minha e não te contive o tempo.
Arrasto uma corda aqui e outra depois. É tempo de perdoar. De perdoar. De amar. Ouves a harpa? Faz amor com o piano.
O que me vale ser mulher? Eu nunca soube andar de botas e tocar os clássicos ao piano. Invento notas com as mãos e quando finalmente quero crescer agarro uma palavra de súplica aguda.
O meu corpo vive algum tempo e a minha alma redobra infância.
Pai estás no canto e só eu oiço o que não dei importância. Invoco-vos num ritual nostálgico. Voltem. Nem que seja para me deitarem uma vez.
A pele está limpa e sem cor. Despeço-me para estar com quem amo. Devia um testamento ao mundo. E por isso escrevo-o sozinha.
É sobre um dos melhores álbuns de 2007 ouvido por mim vezes sem conta. Tudo o que escrevi acima tem unicamente como referência o álbum "White Chalk" de Polly Jean Harvey sem qualquer investigação feita sobre ele.
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