sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Shadow: seja bem-vindo mais um projecto português




O efeito myspace causa, cada vez mais, um efeito que se torna a cada passo mais pessoal, no que respeita a fazer música experimental. Uma só pessoa faz tudo sozinha e depois partilha com os interessados as suas composições "domésticas". O critério "do it yourself" dá origem a projectos como Alcest, Runhild Gammelsaeter, Justin Broadrick, Noiserv, entre uma lista infindável. Desta vez falo da minha irmã Karoll Fontoura, mais conhecida como Shadow, no projecto em questão e... seria praticamente inevitável não falar dela só por ser minha irmã... Desde os seus 13 anos que toca em bandas, foi uma das mentoras e tocou nos Puk e agora tem o projecto "E" com MTYM e ainda outro em progresso (a saber o nome), juntamente com mais dois membros dos Puk, as suas duas irmãs.

O seu projecto "Shadow" avança com unhas e dentes e, quanto a mim, tem músicas bastante intensas. Por exemplo, "You and I", arrasta-nos para o universo infantil e simplista de uma guitarra acústica e uma voz que descarrega gritos de baleia dos mares frios. São de notar várias referências musicais, nomeadamente de black metal e experimental. Por outro lado, "My Falling" é compassadamente doom misturada com teclas sombrias e gritos contínuos assim que a música vai esgotando.

"Shadow" com apenas 24 anos, não pára de criar e de entregar-se ao que mais a satisfaz, fazer música.
Gostaria muito de ouvir ao vivo esta atmosfera sombria e espiritual que Shadow transporta. Considero cada vez mais que projectos pessoais como este e os já referidos são, digamos, que um diário intransmissível e difícil de ser adulterado, porque no fundo estamos a falar de linhas que vêm de uma só pessoa e que não é filtrada por outros membros, como acontece com as bandas. Não quero com isto dizer que não são necessárias as bandas, pelo contrário, mas estes projectos são também um lado da realidade musical a que não podemos ignorar e escapar.

Podem ouvir Shadow aqui

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Scaffold Bird: "Visible"



Scaffold Bird acaba de pousar em terra e anuncia que Visible está terminado, prestes a circular pelo mundo afora. O ep de quatro temas mais um, o último é um single edit de "Awake in a Halo", foi gravado nos estúdios Lounge Records, em Torres Vedras e produzido por Pedro Moreira.

Depois de algumas repetições na audição do ep identifica-se claramente uma divisão em termos sonoros.
"Soft Rain" e "Silent Dream" são dois temas mais melancólicos e mais atmosféricos do que os outros dois. "Visible" e "Awake in a Halo" transparecem a tendência mais pesada da banda. Se nas primeiras a abordagem desperta para o lado mais viajante que as melodias suscitam, a segunda parte do álbum representa a vertente mais progressiva e metal dos SB.
O que temos aqui é um primeiro ep que resume a capacidade criativa desta banda, que faz despoletar a curiosidade para próximas gravações. É sem dúvida um trabalho interessante, mas que ainda não consegue demarcar um limite sem pisar nas suas influências mais óbvias, Opeth, Katatonia e Porcupine Tree. De qualquer maneira estas influências não invalidam o trabalho realizado, porém crê-se que teriam mais a ganhar se seguissem a linha mais personalizada das duas primeiras faixas.
Os Scaffold Bird tocaram nalguns palcos da Grande Lisboa e a verdade é que têm recebido algum feedback não só dos portugueses como também dos ouvintes que visitam o myspace a partir de vários pontos do mundo, especialmente da Europa do norte.

Um projecto interessante que começa a compor novos temas a partir de Dezembro com o regresso do vocalista e guitarrista Cláudio Lousada que neste momento se encontra na Suécia.

Podem encomendar o ep e ouvir duas músicas de Visible: http://www.myspace.com/scaffoldbird

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Tráfego em Secret Chiefs 3



Façamos das imagens as nossas palavras: deu para ouvir muito bem e deu para ver muito mal. No entanto não deixamos de salientar que foi grande concertão!
Haverá uma próxima mas mais sossegada ou uma próxima numa sala maior? Agradecemos a entrada dos Secret para a sala pela parte da frente e à Amplificasom pelo óptimo trabalho.

domingo, 22 de junho de 2008

Memórias de Catacombe




Na simplicidade da realização das “coisas”, encontram-se tesouros raros e preciosos.

No tempo onde a era digital não imperava, a música, assim como outras coisas, chegava-nos fora de horas.

Hoje andamos na rua e não sabemos que o vizinho do lado faz música sozinho: uma guitarra, um software, uma mesa, um pedal e emoções que se convertem em sons.

Chega-me a casa Memoirs, as memórias de Pedro Sobast, em seis estágios de Catacombe.

Prelude, tal como o nome indica, é o prelúdio do que vai acontecer – uma viagem que memoriza carícias, incómodos, revoltas e curiosidades.

A guitarra chora Playground Ghosts e anda descompassadamente pelo vale, à procura de paisagens bonitas para escrever palavras que se repetem e dizem a mesma coisa, vezes sem conta, acabando sem fôlego.

Vozes de criança, gritos de fundo remetem World’s End Girlfriend com notas simplificadas prontas a personalizar Memoirs.

O pós-rock de Catacombe não coloca barreiras na interacção com o ouvinte; desenrola uma partilha de sons com quem tem pressa de criar paisagens idílicas.

Em Memoirs, o também guitarrista de Lonney Tones, dedica-se sem relógio à partilha de memórias com quem pretende recriar as suas próprias.

Memoirs foi tocado e produzido por Pedro Sobast e posteriormente masterizado por Paulo Lopes, guitarrista dos Crushing Sun, no Soundvision Studios.

Agora que temos trabalho registado, Catacombe está pronto para receber músicos que se introduzirão para comover memórias.

Aproveitem para ouvir algumas músicas que constam no Memoirs: www.myspace.com/catacombeband

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Concerto de Diamanda Galás na Casa da Música


(Não foi autorizado tirar fotografias no espectáculo de Diamanda Gálas na Casa da Música).

Algum tempo depois, o concerto que a deusa/diabo Diamanda Gálas deu no passado dia 9 deste mês, na Casa da Música, é já recordado com alguma saudade e dúvida.
O piano encontrava-se ainda sozinho no meio do palco e mal se viam os focos acesos que lhe estavam apontados.
Pouco tempo depois, uma mulher enigmática entra com passos de pessoas habituadas a pisar palcos. Não diz nada, senta-se e domina o piano com notas que não cabem em canções, aceita mais depressa as notas graves que as agudas. Vestida de negro, cabelo para além das costas. Os focos quase que a transformam numa sombra, como fundo um cenário minimalista.
A sua voz delira sons de animais, escalas que poucos conseguem atingir, cantos de sereia e graves saídos de túmulos fechados. A senhora cantou Guilty Guilty Guilty com a experimentação vocal que a distingue e, ainda, ressuscitou Edith Piaf.
Galás continua a assustar os mais sensíveis ao terror com as suas divagações vocais e ambientes sombrios, são poucos os que deixa entrar no seu mundo desiludido pelo amor. Cada música sua demora o tempo que a mesma determina no palco.

Na revista Terrorizer, numa entrevista a Diamanda, a própria revela algum descontentamento em relação a algumas palavras que Mike Patton proferiu sobre as suas prestações em palco, algo como: Diamanda não improvisa ou não sabe improvisar, quando ele era, no tempo da sua juventude, um dos que se sentavam na primeira fila nos anos 90, para assistir aos seus espectáculos.
Se o que Mike Patton disse é dado como verdade então há que desmentir porque se há coisa que esta mulher bem crescida sabe explorar é o improviso. Galás não se limita às estruturas de cada trabalho seu porque o mais importante para esta mulher de sangue grego é misturar ambientes que tornam os sons em imagens diabólicas e angelicais.

As palmas não pararam e fez dois encores. Depois do concerto sentou-se numa das salas da Casa da Música e à sua frente estava uma parede de vidro. Os fãs mais atentos tiveram a oportunidade de lhe fazer gestos de Adeus. Gestos que anseiam um regresso.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Trinacria e Audrey Horne



Sem entrar, ainda, em grandes pormenores deixo uma belíssima sugestão: Trinacria com Travel Now Journey Infinitely. Um projecto com elementos de Enslaved, banda que nos deixou um concerto memorável há pouco tempo em Barroselas, Fe-mail e Emmerhoff.

" The hard hitting sounds of cutting edge Norwegian Extreme Metal combined with contemporary Norwegian Noise’s finest makes for a unique blend. The result outdoes the sum of the products by far – Trinacria represents something unique on the music scene as a whole."
Fonte: Myspace oficial da banda

Outra sugestão não muito actual:
Audrey Horne (membros de Enslaved e Gorgoroth) apresentaram-nos no ano passado o segundo álbum Le Fol, um álbum que se calhar não teve muitos ouvidos postos em cima mas que não deixa de ser bom. Este é um projecto de hard rock com influências, como os próprios membros indicam, de Tool, Alice in Chains e Faith no More. Todo o álbum demonstra claramente fortes influências às bandas já referidas. Treshold descarrila para emoções toolísticas com contratempos de voz. O álbum é todo um conjunto de músicas que parecem ter estado guardadas há muito nas gavetas.
http://www.myspace.com/audreyhornemusic

sábado, 12 de abril de 2008

Quem são os After Chaos?


After Chaos é o nome de um projecto recente iniciado por um ilustre desconhecido no ano de 2006.
Da pouca informação que existe, sabe-se que R. Talhadas, baixista dos Pratyahara, inicia esta aventura para extravasar a criatividade noutra direcção. O resultado são quatro temas, ainda em versão demo, encaminhados para uma sonoridade envolvente onde a melodia é a matriz orientadora. Riffs divididos na cadência de um compasso em contratempo e um baixo bem presente a fazer lembrar o legado tooliano. Muito bom gosto e muito boas referências de uma banda que ainda não revelou todo o seu potencial.

A R.Talhadas (voz, baixo, guitarra, teclas e bateria) juntou-se outro membro, Ricardo Menezes (voz e guitarra).
Brevemente, segundo informação disponível no myspace dos After Chaos, serão adicionadas as versões finais dos temas já com voz.

visitar:
www.myspace.com/afterchaos